ACTG compara apoios. Câmara diz que é “preciso perceber o impacto”
A Associação de Comércio Tradicional de Guimarães – ACTG fez chegar aos vereadores municipais uma missiva na qual dará conta do seu descontentamento quanto aos apoios da Câmara Municipal de Guimarães para a realização de eventos. O assunto foi discutido na reunião de câmara, com a vereadora Vânia Dias da Silva a pedir esclarecimentos ao município.
“O comércio de Guimarães, é sabido, não está fulgurante. Basta passar pelas ruas e ver lojas a fechar sucessivamente”, contextualizou a vereadora do CDS, apontando que na comunicação assinada por Cristina Faria, presidente da ACTG, “deixa um desabafo e uma certa mágoa pelo tratamento que tem a ACTG tem vindo a ser alvo”.
Segundo o email que foi transmitido aos vereadores, ao qual o Jornal de Guimarães não teve acesso, esta posição surge na sequência do apoio considerado “manifestamente insuficiente”, disse Vânia Dias da Silva, para a realização do recente evento “Sonho, Logo Existo”, organizado pela ACTG. Esta associação compara os apoios com os concedidos a eventos da AVH – Associação Vimaranense de Hotelaria, para falar em “discriminação”.
Na sua intervenção, Vânia Dias da Silva diz que “há qualquer coisa que estamos a fazer mal”, comparando a vivacidade do comércio vimaranense com o de outras cidades. “Já nem falo em Braga, mas em Barcelos e Famalicão”, atirou, lamentando o “mal-estar” que se sente entre a Câmara e a ACTG. “É vital que haja diálogo e concertação para perceber como se pode ir mais longe”, concluiu.
Paulo Lopes Silva diz ter ficado “surpreendido” com a posição da ACTG, referindo que há “diálogo regular”. Na ótica do vereador da cultura “o importante é perceber o tipo de eventos e o impacto que têm na cidade, as consequências práticas, e não quem organiza”.
“Uma Green Week, ou uma Feira Afonsina, com funcionamento alargado, para vários públicos e com perspetiva de interação com a dinâmica da cidade, por exemplo. Não se pode comparar o Guimarães entre Palcos, com cinco palcos, a partir das 17 horas – com o comércio ainda aberto – e várias atividades para as famílias, com um sarau cultural, com o mérito que esse evento tem, mas que ocorre às 21 horas – com o comércio fechado”, aludiu.
O vereador apontou que, apesar de ser o segundo ano a realizar o “Sonho, Logo existo”, a ACTG solicitou um reforço de verba já próximo do evento. “Não me cabe a mim definir as prioridades da ACTG, mas suscitam-se questões que não fazem qualquer sentido”.
Paulo Lopes Silva lamentou ainda a “falta de recetividade” da ACTG para colaborar para uma dinâmica de cidade que seja benéfica para todos. “A Câmara tentou que a ACTG se envolvesse no Guimarães entre Palcos, com decorações específicas nas montras, momentos pontuais de animação e um horário alargado, mas o diálogo não evoluiu. Estão mais preocupados em conseguir eventos alternativos”, desabafou. “Temos de perceber o impacto dos eventos, o que trazem”, terminou.