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À boleia de Couros, Muralha pede esforço para conservar história industrial

Redação
Cultura \ quinta-feira, setembro 21, 2023
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Associação volta a reivindicar Plano de Salvaguarda e Proteção do Património Industrial. Além da conservação cénica, deve-se promover a informação de contexto em locais como o Arquinho.

O alargamento do território vimaranense classificado pela UNESCO como Património Mundial a Couros é motivo de “acrescido orgulho” para uma comunidade que preservou esse património ao longo dos séculos, mas acarreta também “um conjunto de responsabilidades” no que diz respeito à “vivificação do edificado e da história nele contida”, afirma A Muralha, associação vimaranense para a defesa do património de Guimarães, em comunicado emitido esta quinta-feira.

Elogiosa para com a condução política e técnica da candidatura de Couros, com o Plano de Gestão 2021-2026 do Centro Histórico de Guimarães e Zona de Couros, a associação fundada em 1981 reivindica de novo a criação de um Plano de Salvaguarda e Proteção do Património Industrial, ideia já lançada numa das sessões da discussão pública desse plano de gestão, realizada em 27 de maio de 2021.

“A classificação da Zona de Couros, uma importante e secular zona industrial, deve possibilitar, agora, um esforço sério e empenhado para registar, documentar e conservar a história industrial do concelho que foi indelevelmente marcado pela presença da indústria”, lê-se no comunicado. “Se há património verdadeiramente em risco atualmente em Guimarães é o Património Industrial. Se há património que tende a perder a vitalidade esse é, estamos em crer, um património vivencial e de contexto que a indústria, ao longo dos anos, criou”, acrescenta a instituição.

Esse plano constitui “a possibilidade última” de salvar o “que ainda é salvável”, alargando-se a ideia de centro histórico “a uma preocupação concelhia”, num tempo em que se “perdem relevantes edifícios de indústrias desativadas para a ruína ou para empreendimentos imobiliários”, mas também a “documentação sobre a história dessas indústrias”, máquinas com importante valor histórico e memórias.

A associação A Muralha vinca, aliás, que a conservação do património não se deve limitar à mera “conservação cénica do edificado”. Deve também albergar a vivência dos espaços, havendo trabalho a fazer nesse sentido em Couros, uma área industrial que entrou em crise há mais de 150 anos, também por causa do atraso com que o comboio chegou a Guimarães – isso deu-se em 1884. “Essa indústria desapareceu já da cidade. O que sobrou - os tanques de curtimenta, os folões, a atividade dos curtumes -, tem de ter contexto e procurar contexto e não servir apenas de um cenário mais ou menos interessante para a arte da fotografia, ou da vernissage de ocasião”, lê-se.

Esse cuidado patrimonial mais abrangente deve ser aplicado na Fábrica do Arquinho, na Caldeiroa, para a qual se perspetiva a conversão da antiga fábrica têxtil fundada em 1913 por António José Pereira de Lima num laboratório destinado ao curso de engenharia aeroespacial da Universidade do Minho. “É importante, a título de exemplo, que a Fábrica do Arquinho, na zona tampão, (…) faça uma clara referência à indústria têxtil pela qual nasceu e se torne, igualmente, um polo de compreensão e registo da nossa história industrial”, indica o comunicado.

 

Edifício devoluto da antiga fábrica têxtil do Arquinho, na Caldeiroa

Edifício devoluto da antiga fábrica têxtil do Arquinho, na Caldeiroa

 

Conservar e projetar vivências. Muralha sugere apoio a agregados familiares

Convencida de que além de “conservar o património edificado”, é preciso “estimular o património vivencial que lhe dá sentido”, a associação A Muralha pede à Câmara Municipal incentivos de apoio ao arrendamento que façam da zona classificada e da zona tampão uma “possibilidade atrativa e exequível para jovens casais”, nomeadamente o apoio a agregados familiares sem condições para aceder ao mercado de arrendamento, mas com “o necessário potencial para o encher de vida, combatendo dessa forma a tendência para sacrificar os centros históricos, de forma irreversível, ao turismo”.

“As receitas do IMI serão sem dúvida, um precioso instrumento financeiro que poderia ser aplicado na preservação de vida no Centro Histórico, para a promoção da vivência dos vimaranenses na área classificada”, refere o comunicado, defendendo as classificações da UNESCO como “ponto de partida” e não como “uma tarefa cumprida”, que, no futuro, deve ser “uma tarefa de todos”.

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