A mesa espera-se farta num Natal mais sereno para os Freitas Ribeiro
Por muitos anos, o peru tem sido protagonista na Ceia de Natal da família Freitas Ribeiro, oriunda de São Luís do Maranhão, cidade com 1,1 milhões de habitantes no nordeste do Brasil. Associado à festividade, o prato coexistia à mesa com a lasanha, o salpicão, o pernil assado ou a torta de camarão, recorda Denise Freitas. “Era uma mesa bem farta”, relata a mãe de Marcelle Ribeiro, a sogra de Charles Ribeiro e a avó de Michelle e Aila.
A lasanha e o salpicão preparam-se para figurar no primeiro Natal vimaranense desta família que provém de uma metrópole com um centro histórico classificado como Património Mundial da UNESCO, à semelhança do de Guimarães. A noite de 24 de dezembro será, contudo, oportunidade para experimentar “um prato diferente de bacalhau” daquele que era degustado no Brasil, adianta Charles.
Se a gastronomia e o património são traços em comum entre a cidade de origem e a cidade que os recebeu em junho de 2024, o clima nem por isso; habituados a temperaturas entre os 25 e os 32 graus Celsius nesta altura do ano, os Freitas Ribeiro aguardam o primeiro Natal abaixo dos 10 graus. A queda no termómetro coincide com a redução do barulho em perspetiva. Em São Luís, a norma era celebrar com cerca de 30 pessoas à mesa. A tarefa de as reunir estava a cargo de Charles: “Criava um grupo no WhatsApp para o Natal. Reunia toda a gente: esposa, sogra, mãe, irmãos, cunhados, sobrinhos. Depois debatíamos o que é que cada família levava, dentro de um prato de comida, de uma sobremesa e de fruta”.
Cristãos, os Freitas Ribeiro abriam a noite com uma oração simples, a preceder a refeição e um serão com muita animação. A troca de presentes seguia um ritual conhecido de muitos portugueses, com ou sem twist. “Fazíamos o amigo invisível [amigo secreto], mas também temos o amigo da onça. Funciona como o amigo secreto, mas com presentes bem ruins”, explica Marcelle. O dia 25 prossegue ao sabor da comida que resta do dia anterior, entre sobremesas bem variadas: o pavê chocolate de panetone e tortas diversas.
Enquanto aguarda pelo culminar desta quadra, a família aproveita as horas vagas para deambular pelas decorações e diversões que enfeitam o Toural e a Alameda de São Dâmaso. Vislumbra parecenças com as iluminações da cidade de origem, embora numa escala mais pequena à que estava habituada. “O centro da cidade de Guimarães está decorado e fica bem bonito. As iluminações são parecidas com as que tínhamos no centro de São Luís”, realça Denise.
O Natal desta família brasileira reveste-se então de luzes, ora na rua, ora entre paredes. Enfeitar a árvore com a estrela, os sinos, as luzes pisca-pisca é ritual anual da família. É, aliás, o momento favorito da pequena Aila. A par, claro está, dos cupcakes e dos Biscoitos do Papai Noel, bolachas amanteigadas decoradas com motivos natalinos.