"A luta não se faz só num mês": este grupo quer apoiar pessoas LGBTQIA+
Com pouco mais de uma semana, o Grupo de Apoio a Pessoas Queer (GAPQ), movimento gizado por Diogo Barros e “três pessoas de confiança”, já é “motivo de orgulho” para quem o viu nascer. Este movimento social – apartidário e com estatutos próprios – quer combater “o medo e ódio” e para isso propõe-se a trazer a luta para a rua – mas não só.
Passados oito dias da criação já conta com mais de uma dezena de ativistas e as áreas de ação estão bem definidas: Guimarães, Vila Nova de Famalicão e Vizela. Isto porque, para além de ser terreno conhecido dos cofundadores, os concelhos (e o distrito de Braga) “são bastante conservadores”, afirma Diogo Barros. Daí que uma das metas trilhadas pelo grupo seja, em 2022, realizar marchas LGBTQIA+ nestas cidades. “Todos os anos há o mês do orgulho, decidimos que temos de sair à rua nessa altura. Mas até pode ser antes ou depois. A luta não se faz só num mês”, frisa o porta-voz do GAPQ.
“Houve uma marcha em Barcelos há pouco tempo, há também em Braga. Em Guimarães houve uma, mas depois nunca mais houve nada. Nós achamos que é necessário sair à rua, mas também criar um movimento permanente”, esclarece.
E este movimento que agora nasce tem como missão ser “porto seguro” para a comunidade LGBTQIA+ partilhar experiências, dar e receber conforto. “Muitas vezes, [as pessoas] não têm a solidariedade e compreensão no meio familiar, estudantil ou laboral”, lê-se numa nota informativa envidada às redações. Está nos planos da recém-criada plataforma a realização de palestras, reuniões abertas e rodas de conversa. E aqui também se incluem “especialistas, médicos ligados à comunidade queer e partidos políticos”.
A política local e as reivindicações
O GAPQ elencou dez propostas/medidas que quer “reivindicar junto do poder local”. Até porque, nota Diogo Barros, há um desfasamento entre o que os partidos propõem a nível nacional e o que se lê nos programas autárquicos. “É um tema muito pouco falado e é até muitas vezes posto de parte”, dá conta o ativista.
Para além da ausência de iniciativas há algo mais que une os três municípios onde o grupo se propõe a atuar: a ausência de medidas. Diogo acena com uma: “É necessário que as três câmaras municipais tenham habitação para pessoas LGBTQIA+ que sejam vitimas de violência. “Incluir” é palavra-chave no discurso do jovem ativista, que alerta para situações extremas: “Há menores de idade expulsos de casa por serem quem são e amarem quem amam”.
O GAPQ traça como objetivo abranger mais cidades e concelhos no futuro. Para já, a ponte entre a comunidade e o grupo é feita online, através do site e da página de Instagram.