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A geografia esbate-se para a nova viagem sonora de Manuela Ferreira

Tiago Mendes Dias
Cultura \ quinta-feira, junho 23, 2022
© Direitos reservados
Depois da escuta do centro histórico, a encenadora lança Seguir, experiência auditiva que cruza vários tempos, lugares e circunstâncias e envolveu os alunos da licenciatura em Teatro da UMinho.

Há dois anos, em plena pandemia, Manuela Ferreira encerrou Em Torno com as memórias do cinema no Teatro Jordão, antecipando um regresso que se concretizou em fevereiro de 2022. Essa era uma viagem sonora com itinerário ancorado no centro histórico de Guimarães. Agora a encenadora “dilui a especificidade geográfica” para Seguir, um novo audiowalk que “se pode aplicar a qualquer lugar, a qualquer tempo, a qualquer situação”. O lançamento acontece até ao final de junho, novamente na plataforma Em Guimarães.

“É uma espécie de audiowalk a la carte (…). São vários os percursos e durações possíveis de acordo com o fluir do nosso quotidiano, da nossa disponibilidade, das nossas vontades”, resume a artista ao Jornal de Guimarães.

Qualquer “espetador-ouvinte” dispõe de cinco caminhos por onde viajar - Seguir com tempo marcado, Seguir com lugar marcado, Seguir com caminho traçado, Seguir com encontro marcado e Seguir com o corpo e a imaginação. E cada uma dessas categorias desdobra-se “em duas a três propostas diferentes”. O espetador pode “escolher um percurso específico de acordo com a sua vontade, como quem abre um menu”, detalha a artista.

Na categoria relativa ao lugar, esclarece Manuela Ferreira, pode ser adequado escutar a obra “num templo, numa igreja ou no meio da multidão”, enquanto outra das categorias pode convidar a “uma caminhada de 10 minutos”. Em Seguir com o corpo e a imaginação, o “espetador-ouvinte pode “integrar uma situação ficcional, em que se coloca na pele ou no corpo de um outro”. “Pode-se colocar no papel de uma outra personagem”, diz.

 

Uma obra a vários timbres. Alguns da Universidade do Minho

A voz de Manuela Ferreira não está só. Há “locuções várias”, harmonizadas pela sonoplastia de Rolando Ferreira, também ligado ao primeiro audiowalk, o Em Torno. Algumas delas provêm do Laboratório de Pesquisa e de Experimentação de Instruções Performativas, graças à parceria com o Núcleo de Estudantes da Licenciatura em Teatro da Universidade do Minho (NELTUM).

“Um grupo de alunos recebeu formação para este audiowalk. Participaram na locução, na escrita de alguns textos e no desenho sonoro de algumas das peças”, revela Manuela Ferreira. “Esta dimensão formativa é algo ainda a explorar, a aprofundar ainda mais. Potencialidades a explorar neste formato, que desafios este formato também se nos apresenta”.

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