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A aura ancestral da Grande Serpente volta ao palco neste fim de semana

Tiago Mendes Dias
Cultura \ sexta-feira, julho 08, 2022
© Direitos reservados
Consumado o regresso ao palco no início do mês, com a mesma “poética”, mas outras nuances face à peça original, a obra inspirada num “mundo ancestral” apresenta-se sexta-feira e sábado.

Intérprete que se destacou na encenação original de A Grande Serpente, como Arão, Francisco Leite Silva embarcou no regresso ao “mundo ancestral” com “contornos de tragédia grega”, criado por Moncho Rodríguez; entrou na remontagem como assistente de direção de um encenador com quem “já tinha trabalhado mais algumas vezes” e acabou a desempenhar a “mesma personagem de há 28 anos”.

“Tem-me recordado todos os bons momentos passados há 28 anos, com esse projeto altamente poético, dinâmico e transformador que foi a montagem da serpente e o início da Oficina de Dramaturgia e Interpretação Teatral, precursora do Teatro Oficina. É com muita alegria que integro este projeto em 2022”, descreve o ator ao Jornal de Guimarães, que se prepara para subir ao palco nesta sexta-feira à noite e no sábado à noite, para mais duas apresentações, após o regresso do passado sábado, com lotação esgotada.

Após cerca de três meses de trabalho, A Grande Serpente voltou a sibilar no mesmo lugar onde se contorcera pela primeira vez a 02 de julho de 1994 – a Fábrica Âncora, hoje abrigo do Centro Ciência Viva e não um espaço degradado. Apareceu mais envelhecida, olhando ao seu corpo de 26 atores – “há 28 anos, havia vários elementos com 14, 15, 16 e 17 anos e hoje temos um ator nessa faixa etária”, observa Francisco – e exibe uma aparência que é fruto de uma “outra linha dramatúrgica”, mas o texto é o original, de Racine Santos, bem como a “linguagem e a poética”, características do encenador galego também.

“Sendo um espetáculo novo, toda a sua estética está muito presente. Qualquer pessoa que veja o espetáculo, mesmo sem o saber, vai perceber que é um espetáculo do Moncho Rodríguez”, salienta o ator, galardoado por um vídeo de promoção turística sobre as Aldeias Históricas de Portugal.

Além de mais velho, o elenco é também outro, tendo como repetentes Francisco Leite Silva e Joana Ji Antunes, atriz e bailarina que volta a interpretar Tamar num enredo “muito simples”, com “contornos associados a uma tragédia grega”, num “mundo que é um outro”.

“É uma comunidade ancestral que vive e tem uma fonte de água na aldeia. De repente, essa fonte de água secou completamente e há o anunciar as desgraças que podem vir. Há uma premonição de que isso se deve um grande pecado, a uma grande maldição que recai sobre essa aldeia”, antecipa.

Com 26 atores, a peça encenada por Moncho Rodríguez e produzida pela Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense (ASMAV) conta com a mesma aderecista e figurinista de há 28 anos, Milita Marinho, mas com um novo operador de som e de luz, também autor de banda sonora desta versão de 2022, Narciso Fernandes, com assistência de Luís Fernandes, a quem Francisco Leite Silva agradece a “prestimosa ajuda”.  

A lotação para as apresentações de sexta-feira e de sábado, ambas com início às 21h30, está esgotada.

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