Conversas com Tiago Simães
Tiago Simães, músico, professor, animador cultural, dirigente associativo, empresário, programador, e muitas outras atividades que lhe garantem dias bem ocupados, nasceu em Guimarães, no “hospital velho”, mesmo ao lado do castelo.
Da infância guarda as melhores recordações, sobretudo os tempos vividos na “Casa das Molianas”, na atual rua da Liberdade, o que o leva a sentir-se como um privilegiado nesses tempos em que morou “numa casa que era uma quinta, logo a seguir ao Toural”, lugar onde aconteceram algumas das mais divertidas brincadeiras infantis.
Tendo desenvolvido uma vasta formação académica na área musical, participa regularmente em diferentes palcos nacionais e internacionais em áreas bem diversas da música como sejam o jazz, o rock, a música experimental ou a erudita. A intervenção em diferentes expressões musicais compreende-se na vontade de procurar novos desafios e novas linguagens, numa constante necessidade de variar porque, como afirma, “não gosto de estar sempre a fazer a mesma coisa” e porque prefere “não ser tão bom em nenhuma das áreas, mas fazer de todas um bocado.” Aliás, um pouco provocatoriamente, não se define apenas como músico dado que, realça, “eu não sou músico todo o tempo; sou uma pessoa que faz música de vez em quando”.
A multiplicidade de áreas de intervenção exige-lhe uma significativa capacidade de organização, levando-o a preparar o dia-a-dia com bastante rigor, estabelecendo horários bem definidos e programação atenta. Ele mesmo dá nota dessa necessidade de um criterioso ordenamento diário, referindo que “há quem diga que eu tenho horários para tudo”, mas não deixa de evidenciar que “eu chego ao domingo à noite e organizo a minha semana desde as sete da manhã até à uma da manhã, se preciso, todos os dias”.
Contudo, ou consequentemente a dias tão organizados, também não deixa de consagrar a devida atenção aos momentos de lazer em que se abandona à necessidade de “não fazer nada, rigorosamente nada”.
Confessa-se uma pessoa romântica não apenas nas relações pessoais, já que, como defende, é importante ter sempre presente “algum romantismo, não só nas relações, mas na vida”.
Há cerca de dois anos publicou o seu primeiro livro de poesia “Todos os dias ou não”, sequência lógica do seu gosto pela escrita e que ele mesmo define como sendo “um ato de desabafo comigo próprio”. Neste sentido tem já preparadas novas publicações, salientando que antes do Natal gostaria de lançar um novo livro, desta vez o que define como sendo “uma história infantil para adultos”.
O ensino, e alguma frustração que sente por se ver de algum modo constrangido a seguir modelos rígidos que não permitem explorar a capacidade criativa dos alunos, ou as crescentes obrigações burocráticas, também esteve presente numa conversa que procurou dar conhecer um pouco mais de um cidadão que não se esgota na face mais conhecida do músico.